Nos anos 90 e início dos anos 2000 a Internet era bem lenta. Os sites evitavam usar muitas imagens, principalmente .gifs animados, e, talvez por isso, havia muito espaço na tela para o conteúdo mesmo com os monitores com resoluções 800x600 e 1024x768. A maioria seguia o padrão: menu lateral, um banner em cima e o conteúdo na parte central. Era praticamente intuitivo. Era o iOS da internet.
Com o aumento da velocidade da internet, os sites passaram a usar animações (muitas delas toscas) e até que veio a Idade das Trevas na web: o Flash. Sim, aquela merda animada que não permitia dar um ctrl+c / ctrl+v no conteúdo, levava horas para carregar e quase sempre tocava aquela música idiota do Titanic. Ou então quando você passava o cursos por cima e a animação travava seu Netscape porque o 468 DX4 não aguentava. E o JavaScript? Applets? O pesadelo do TI.
Com a morte iminente do Flash e a profissionalização do trabalho de webdesigner, havia uma luz no fim da luz. Mas essa luz parece estar diminuindo.
Só para esclarecer, eu sou extremamente a favor do minimalismo. No meu quarto, por exemplo, só o notebook, garrafa de café, de água, uma TV no rack com gavetas onde ficam tudo lá. Minhas roupas são básicas. No corpo, além das roupas, apenas relógio e óculos de sol. Quem me vê acha que estou de mudanças e mochilando. No dia em que a Terra parar, consigo guardar tudo em minha mochila em poucos minutos e salvar tudo que tenho.
Mas algo vem me incomodando na interwebs: a tabletização dos sites. O minimalismo em sites é algo interessante quando o conteúdo do mesmo é simples. Como esse blog, maravilhosamente limpo e prático. Basta olhar à direita e voilá, tem acesso a todos os posts, que é o foco disso.
Antigamente você precisava clicar em algum botão para abrir o menu. Hoje em dia só de passar o mouse e essa porra abre um monte de coisa. Navegar usando o pagedown/setinha pra baixo é tipo as Olimpíadas do Faustão, você tem que mexer o mouse para desviar de tudo. Passou o mouse numa imagem? Ela escure. Passou em um link? Abre um popup.
Um exemplo é o Imgur.com, sempre que quero abrir meus favoritos eu acabo clicando no meu nome de usuário e ele vai para a galeria. Aí tenho que só passar o mouse por cima para abrir o menu. Porra, a vida inteira eu clicava nos botões para abrir o menu e esses infelizes mudam tudo. Vários sites são assim. Para abrir um menu basta passar o mouse. Ou seja, mesmo que você não queira, mas passou o mouse por cima, essa merda abre. Por que, Deus?
Mas o pior estava por vir. Como as telas dos tablets e também dos celulares (já que a maioria tem tela grande) são relativamente pequenas, os webdesigners preguiçosos resolveram fazer apenas um layout. Aí fica aquela merda: no PC fica tudo enorme e no tablet/celular fica tudo cagado.
Vamos olhar o site do Terra em 2000. Coloquei uma resolução em 1024x768 e olha só, o menu lateral com acesso fácil a tudo, as matérias centralizadas, acesso fácil ao e-mail etc. Isso um site feito para 800x600.
 |
| Site do Terra de 2000 em 1024x768 |
Agora você vai no site do Terra hoje e é essa bosta, na página inicial mal cabem 6-7 matérias.
 |
| Site do Terra de 2000 em 1366x768 |
Pelo menos tiveram o bom senso do menu ali não abrir só de passar o mouse. Mas não importa a resolução, essa merda vai ser quase sempre assim.
"Ahh Raposão, mas é melhor adaptar para o mobile para todos acessarem"
Antes fosse! Olha a diferença entre navegar no site de 2000 com o atual:
Isso em um smartphone com tela de 4,5". Imagine em um 5 ou 5,5". É muito desperdício de tela. Claro, não precisa usar o layout de 15 anos atrás, mas pelo menos aproveitar melhor.
Um site que eu admiro e tem um layout quase tão bom quanto o Expresso é o Washington Post, tanto em desktop quanto no mobile:
 |
| Washington Post atual no desktop |
 |
| Washington Post atual no celular |
Então essa tabletização da internet em prol dos devices móveis não cola. É preguiça dos webdesigners. Ou talvez a falta de conteúdo.
A Microsoft falhou miseravelmente em querer trazer a experiência móvel para o desktop com Windows 8 e sentiu a crueldade da rejeição, tanto é que precisou correr e mudar tudo em 2 anos.
Será que a interwebs vai morrer? Vai dar lugar aos apps e sites apptizados?