6 de outubro de 2016

SLE Classic, o Gnome como deveria ser


O SUSE é uma empresa como a Red Hat, que usa comercialmente o Linux através do suporte. Uma das versões é o SUSE Linux Enterprise (e suas variações como SLE Desktop, SLE Server etc.) que usa o Gnome 3 como ambiente desktop padrão, porém um pouco diferente dos demais.

Quando o Gnome lançou a versão 3 todo mundo foi a loucura, foi como remover o botão iniciar do Windows. Então pipocaram quinhentos forks para manter a metáfora de área de trabalho.

Infelizmente aquela maravilha de customização  feita pelo usuário que tinha no Gnome 2 não existe mais. Quem quiser precisa usar o XFCE, MATE etc.

A Red Hat tem forte influência no Gnome e, não sei se a pedidos os clientes, aparentemente deu umas dedadas na equipe para tentar trazer de volta a interface antiga, então fizeram o Gnome Classic:


Basicamente é o Gnome 3 com umas extensões para colocar as barrinhas superior e inferior, realocando alguns itens (como o relógio no lado direito) e o "Applications" de volta.

Já o SUSE, apesar de ter o Gnome Classic, resolveu modificar a aparência (apenas os .css da vida, não fez um fork) para ter menos desperdício de área:


Esse SLE Classic é o que o Gnome padrão deveria ser. Por mais que lembre o "Windows" ou que não lembre o "Gnome 2", é o que um ambiente de área de trabalho deveria ser.

Não adianta. Você tem sua mesa de trabalho, com suas coisas. Tem os objetos em cima dela. Tem uma lixeira ao lado. Tem a gaveta com arquivos. Gnome 3 é bonito? É. Dá para modificar através de extensões? Dá. Mas para quê lançar uma parada que você vai precisar gastar tempo deixando produtivo?

Vou dar um exemplo. Estou testando o openSUSE Leap 42.2 que está em beta. Vou usar no lugar do Tumbleweed porque não adianta um sistema bleeding edge se a bosta da Nvidia não segue o fluxo da novinha.

Gnome 3


Olha como é o Gnome 3.20.2 padrão após uma instalação (apenas mudei o papel de parede):


Não tem bosta nenhuma! Tem apenas o botão "Activities", a hora e dia da semana (não mostra nem a data) e o botão do volume e power. Eu até gosto de minimalismo, mas isso aí é exagero.  Se reparar não tem nem botão de minimizar e maximizar a janela!


Nem parecia, mas estava rodando o Firefox. Até parecia que estava em background porque não mostrada que estava minimizado! Para abrir novamente, precisa clicar na p*rra do botão Activities ou apertar a tecla winkey:


Olha o trabalho que dá abrir uma janela minimizada. E abrir um novo programa? Precisa abrir o Activities e, se não estiver nos favoritos (na barra lateral), vai ter que pesquisar nessa zona aí. Como estou apenas testando, removi quase todos os programas. Mas quando tem vários instalados, ou você digita o nome vou vai ter que ficar caçando nessa bagunça:


No Gnome 2 era muito bem organizaldo. Era dividido em Accessories, Graphics, Internet, Office etc. Por que c*ralhos d'água tiraram?

Certeza que a Red Hat deu um esporro e tentaram minimizar a cagada

Gnome Classic


Nada mais do que uma modificação através de cinco extensões: AlternateTab, Applications Menu, Launch new instance, Places Status Indicator e Window List.

Resolvido o problema? É, mais ou menos. Depende da boa vontade dos outros. Isso deveria ser nativo do Gnome, não uma modificação de terceiros.

Como fica? Fica muito mais produtivo. Os ícones estão na área de trabalho, na barra superior tem o botão para exibir os aplicativos, atalho para as pastas (home, pictures, download etc.), o relógio fica no canto direito.  Na barra inferior mostra os aplicativos abertos e minimizados.


Finalmente os programas organizados:


E vejam, as janelas tem até botão minimizar e maxizimar!


Claro, ainda há os elementos do Gnome Shell:


Seria interessante se houvesse um tema claro padrão do Gnome Shell... mas aí seria pedir demais também.

SLE Classic


O problema do Gnome Classic é que os dois paineis não são customizáveis pelo usuários (apenas se fizer modificações nos arquivos), então forçar dois paineis sendo que o superior usa um espaço muito desnecessário não faz muito sentido. Antigamente e nos forks você pode entupir de atalhos, applets etc.

Então o SUSE resolveu dar uma reformulada nessas extensões, deixando apenas um painel inferior e tudo lá.

Os usuários do openSUSE viviam chorando para o SUSE liberar para eles, mas complicado pois a versão do Gnome do openSUSE (mais atual) era diferente do SUSE (mais conservador). Então a equipe que cuidava do desktop teria que manter nos dois.

Com o lançamento do openSUSE Leap, que é um híbrido por usar recursos do SLE (comercial) e da própria comunidade para competir com o CentOS (que é o RHLE sem as marcas registradas), a versão Leap 42.2 (o .2 é como se fosse um Service Pack) será alinhado com o SLE 12 Service Pack 2 (ou 12.2). Então finalmente o SLE Classic foi disponibilizado.

Para usar é a mesma coisa que o Gnome Classic, na tela de login basta selecionar o SLE Classic:


Não tem segredo. Selecionou, logou e já era:


Muito parecido com o Gnome Classic, apenas com um único painel inferior agregando o Applications, Places e systray com a lista de janelas abertas e minimizadas.



E claro, o Gnome Shell também destoando do restante do tema:


Para quem gosta dos recursos do Gnome 3 mas não gostou da interface é só usar a versão Gnome Classic. Mas infelizmente não traz o melhor dos mundos, que é a customização que tinha no Gnome 2. Então usar esses dois paineis é mais pela nostalgia.

Se é para deixar capado, a versão SLE Classic é muito melhor. O Gnome 3 deveria ser assim por padrão.

E quem quiser modificar através de extensões, como eu, continue deixando opcional:





Detalhe para a topbar preta quando a janela fica minimizada:


Claro, Linux é customização e você pode deixar da melhor forma para ser produtivo. Mas não precisa aloprar também e deixar o padrão horrível de usar.

Se a equipe do Gnome continuar deixando o sistema cru e precisar ir atrás de extensões etc., vai perder cada vez mais espaço para o KDE, a facilidade de customizá-lo é mil vezes melhor.